quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Prestação de Contas – Prática em Extinção?

por Robert Tamasy

Perguntaram a um amigo em recente conversa com jovens empresários, qual o grau de relevância da prestação de contas em relação a outras características e habilidades profissionais. A questão é que prestação de contas não é tema familiar a muitos líderes, tampouco matéria de estudo na faculdade.

Face ao crescente vácuo formado pela ausência de prestação de contas no campo pessoal e profissional, o surgimento de escândalos no mercado não deveria ser surpresa. São transgressões éticas sem qualquer remorso. Executivos embolsando bônus exorbitantes, enquanto suas empresas amargam perdas sem precedentes. Falhas morais alimentando manchetes na mídia. Não tendo a quem prestar contas – alguém com permissão garantida para fazer as perguntas mais difíceis – fica fácil a “cada um fazer o que é certo aos seus próprios olhos” (Juízes 21.25).

Isso se aplica ao ambiente profissional, a ações e atitudes em casa e até mesmo no lazer e decisões financeiras importantes. Como o poeta inglês John Donne escreveu, “Ninguém é uma ilha entregue a si mesmo; cada homem é parte de um continente”. Podemos achar que nossas decisões éticas e morais são independentes e não acarretam qualquer consequência para os outros. Na verdade, o efeito que produzem é profundo – positivo ou negativo – sobre a família, amigos, colegas de trabalho e empresa.

Honestamente, só podemos prestar contas se estivermos dispostos a fazê-lo. Alguns prestam contas em certos aspectos, mas não dão acesso às áreas que não gostariam fossem esquadrinhadas. Por isso, estranhamos ao ouvir de líderes que tropeçam e falham de modo catastrófico na esfera moral e ética, e que, aparentemente, eram honestos em suas práticas diárias.

Mas como aceitar que alguém entre em nossa vida e tenha acesso a pensamentos e atos privados? São várias as razões e elas não existem só para nos impedir de fazer o que é errado. A prestação de contas adequada nos auxilia em nosso desejo de fazer o que é certo. Pondere sobre o que a Bíblia oferece sobre o propósito da prestação de contas:

Ajuda-nos a levar adiante metas e planos dignos. Boas intenções apenas, não são o bastante. Precisamos de amigos ou parceiros que se importem conosco e o que nos diz respeito, desafiando-nos quando deixamos de alcançar metas ou realizar planos importantes que discutimos com eles. Hebreus 10.24 recomenda:“E consideremos uns aos outros para nos incentivarmos ao amor e às boas obras.”

Guia-nos ao tomar decisões importantes. Por vezes, tomar decisões é algo simples e direto. Outras vezes ficamos confusos diante de várias alternativas aparentemente válidas. Nessas ocasiões, um parceiro a quem prestamos contas, pode nos ajudar a avaliar as opções e também nossa motivação. “Os planos fracassam por falta de conselho, mas são bem-sucedidos quando há muitos conselheiros” (Provérbios 15.22).

Protege-nos de procedimentos errados. Tiago 5.16 nos exorta: “Confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros”. Não se trata de alguém para nos vigiar, mas que comungue nossa vontade de não nos colocarmos de forma vulnerável e salvaguardar nossa integridade e, em última instância, nossa posição e eficácia como embaixadores de Deus. O propósito não é o de nos limitar, mas de nos oferecer melhor oportunidade para alcançar êxito.

Questões para reflexão

1. Quando você ouve falar em “prestar contas”, o que lhe vem à mente? Suscita-lhe pensamentos positivos ou negativos?

2. Você já teve alguém a quem prestar contas? Alguma pessoa já desejou prestar contas a você? Como foi essa experiência?

3. Que áreas de sua vida poderiam ser beneficiadas por um prática de prestação de contas?

4. Que qualidades mais importantes você buscaria num parceiro de prestação de contas?

Desejando considerar outras passagens da Bíblia relacionadas ao tema, sugerimos: Provérbios 19.20; 19.27; 20.18; 27.17; Eclesiastes 4.9-12.

Prestação de contas - texto de Robert J. Tamasy, vice-presidente de comunicações da Leaders Legacy, corporação beneficente com sede em Atlanta. Georgia, USA.